José Vilhena y la revista transgresora "Gaiola Aberta"

José Vilhena nasceu a 7 de Julho de 1927 na aldeia de Freixedas, perto da Guarda. O seu pai era um pequeno proprietário agrícola e a mãe professora primária. Aos dez anos foi para Lisboa estudar. Até ao quarto ano do Liceu, permaneceu na capital, mas foi depois para o Porto onde tinha uma tia. Após um ano de tropa, seguiu para as Belas Artes e cursou arquitectura. Porém, tinha começado a fazer desenhos para jornais e abandonou o curso no quarto ano. "Diário de Lisboa", "Cara Alegre", "O Mundo Ri" são alguns dos jornais e revistas onde trabalhou, nos anos 50, alternando com alguns trabalhos em publicidade. Fixou-se na zona do Bairro Alto, o "sítio dos jornais" onde convivia com os jornalistas. A partir dos anos 60 a sua actividade de escritor desenvolve-se. Os seus livros e os seus desenhos provocam-lhe problemas com a polícia, especialmente com a PIDE-DGS, constantes apreensões dos seus escritos e três visitas à prisão de Caxias (sempre sem julgamento).
Até ao 25 de Abril de 1974, escreve entre 60 e 70 livros (o número é incerto por falta de registos). Nesse ano, logo a 15 de Maio sai o primeiro número da Gaiola Aberta. Desde 1984 e durante 12 anos foi dono das boites Noite e Dia e Confidencial. Após uma pausa na publicação de revistas, volta à carga com "O Fala-Barato". Em 96, fez no palácio de Galveias a primeira grande exposição da sua obra de pintura sobre o 25 de Abril.

Apenas alguns dias após a revolução do 25 de Abril, Vilhena lança finalmente um "quinzenário de mau-humor". A primeira "Gaiola Aberta" sai a 15 de Maio de 1974. Nessa época agitada, a "gaiola" é um reflexo constante dos acontecimentos políticos e sociais que abanam o país em turbulência. Voltar a ler hoje essas revistas, é uma autêntica lição de história contemporânea, contada por um olhar esclarecido e sobretudo extremamente bem informado. O sucesso da revista foi considerável chegando aos 150.000 exemplares.
Nesta revista, Vilhena usa uma nova técnica: a fotomontagem. Com ela faz o seu "folhetim PIDE", uma fotonovela sobre a polícia política do regime. Todos os políticos passaram sob a mira certeira e mortífera deste humorista. É de referir o seu alvo de predilecção: Vera Lagoa. Era como o Eça de Queiroz, que quando lhe faltava tema, atacava o boi de Tunes. Sempre que podia, Vilhena atacava o "oportunismo político de Vera Lagoa". Quando lhe perguntam porquê, responde apenas que era porque sabia desenhá-la.
Porém, a fotomontagem causou-lhe pelo menos um problema grave: no nº 105, de Novembro de 1981, Vilhena fez uma fotomontagem em que apresentava a princesa do Mónaco numa pose pouco digna. Era uma paródia a um anúncio de uma marca de brandy. O principado do Mónaco processou o humorista exigindo 400.000 dólares. Finalmente, após alguns anos de processo, foi retirada a queixa. Pouco tempo depois, no entanto, a "Gaiola Aberta" encerrou. No entanto, Vilhena voltou ao ataque com "O Fala-Barato".






Comentarios

Entradas populares